O Movimento ainda existe?

Não sei se a pergunta deveria ser “o movimento ainda existe?” ou “porquê e para quê é que o movimento ainda existe?”.
A resposta à primeira pergunta é de fácil resposta, pois basta um olhar atento às candidaturas para a Junta de Freguesia de Canas de Senhorim e entre as várias listas lá se encontra o MRCCS (Movimento de Restauração do Concelho de Canas de Senhorim) (ou o que ainda resta dele).
Quanto à segunda questão só consigo encontrar resposta para uma parte dela, pois não encontro uma explicação para existência do MRCCS no contexto actual, mas os seus constituintes lá terão as suas razões.
Se bem me recordo o MRCCS tal como o nome indica foi criado para ir de encontro ao desejo do povo de Canas, que era a emancipação concelhia, de modo a “descolarmos” definitivamente de Asnelas que sempre retirou mais benefícios de Canas do que deu. Muitos de nós (entre os quais me incluo), seguiram a estratégia traçada pelo MRCCS, algumas da vezes em prejuízo próprio (faltas ao emprego, processos em tribunal, represálias no emprego) para alcançar o sonho da independência.
No auge da luta todos seguiam o líder, ele eram idas a Lisboa, manifestações em Asnelas, manifestações em Viseu, boicotes, cortes de linha, cortes de estrada,etc, sendo tudo isto mais uma vez feito com o intuito da criação do nosso mais do que justo município.
Era recusado todo e qualquer investimento da Câmara de Asnelas, pois nós não nos sentíamos como sendo parte do concelho e mais do que uma vez o líder disse “Não queremos nada com esses senhores”.
Todas e quaisquer ajudas vindas de Asnelas eram recusadas, quer fosse o empréstimo de um autocarro, quer fosse a ida dos miúdos à piscina municipal. Estas atitudes não eram bem vistas por muitos, mas quer queiramos quer não éramos um grupo (MRCCS) e fazíamos tudo (por mais radical que fosse) para atingir o nosso objectivo.

Agora pergunto, o nosso objectivo foi alcançado?
Então porque é que o MRCCS (mais precisamente o seu líder) inverteu a sua posição e actualmente faz tudo de acordo com os interesses do poder municipalista instalado, abandonando a maioria dos canenses (numa atitude de usar e deitar fora) e as crenças e ideais por ele defendidos à bem pouco tempo.
É com uns passeios e uns muros, mais umas quantas festas pagas a peso de ouro que os Canenses vão ser ressarcidos do ostracismo e da política de esquecimento a que foram votados ao longo dos anos?

Já não faz sentido sermos concelho?
Penso que o líder do MRCCS se queria seguir a sua vida e dar outro rumo aos acontecimentos, só tinha uma coisa a fazer, era pôr o seu lugar à disposição e não arrastar os Canenses e o nome do Movimento para campos que nada têm a ver com o que já todos defendemos.

Eu já fui um apoiante do Movimento, mas era no tempo em que ele ainda não estava camuflado nem conotado com cores partidárias.