segunda-feira, outubro 17, 2005

A Raposa e o Corvo



É fama que estava o corvo
Sobre uma árvore pousado,
E que no sôfrego bico
Tinha um queijo atravessado

Pelo faro àquele sítio
Veio a raposa matreira
A qual, pouco mais ou menos,
lhe falou desta maneira:

"Bons dias meu lindo corvo,
És glória desta espessura:
És outra fénix, se acaso
Tens a voz como a figura."

A tais palavras o corvo
Com louca, estranha afoiteza,
Por mostrar que é bom solista
Abre o bico, e solta a presa

Lança-lhe a mestra o gadanho
E diz: " Meu amigo, aprende
como vive o lisonjeiro
À custa de quem o atende.

Esta lição vale um queijo,
Tem destas para teu uso."
Rosna então consigo o corvo
Envergonhado e confuso:

"Velhaca! Deixou-me em branco,
Fui tolo em fiar-me dela;
Mas este logro me livra
De cair noutra esparrela




Esta fábula retirada do livro de La Fontaine, vem a propósito de alguns acontecimentos que se passaram antes, durante e depois das eleições. Não tem destinatário específico, mas penso que dirá muito a alguns ........

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